“É compreensível que a sociedade exija um retorno sobre o investimento em pesquisa afinal, o dinheiro público é utilizado para financiar esses estudos. No entanto, é fundamental que a população entenda que a pesquisa básica, aquela que busca expandir o conhecimento sem um objetivo imediato, é essencial para o avanço da ciência.“
Arthur Oliveira
Sim minha gente, estou aqui mais um a vez para trazer um tópico que mexe bastante comigo, a dificuldade de se fazer ciência no Brasil.
Estou nesse universo a dois anos e pelo fato de ter atuado em outros segmentos antes de ingressar na área da saúde e pesquisa científica eu tenho uma leitura diferente e que complementa tudo aquilo que já foi falado sobre esse tópico.
Fazer pesquisa científica no Brasil é como tentar transportar um quebra-cabeça gigante sem a caixa: as peças se perdem, faltam recursos e a paciência e insegurança é testada frequentemente.
A ciência e a economia: um casamento desafiador
É importante lembrar que a ciência não é uma receita de bolo, não podemos garantir que uma pesquisa terá sucesso e trará resultados práticos imediatamente, ela sempre é um processo de tentativa e erro, onde muitas vezes as hipóteses não se confirmam e isso é frustrante não apenas pelo resultado negativo mas pelo custo produzido e gerado. Existem experimentos aqui no laboratório que custam mais de mil reais para cada teste, existem reagentes onde 20mg custam três mil reais e olha que estou falando de algo comum, nem estou falando de insumos muito específicos.
Essa imprevisibilidade, aliada aos altos custos, faz com que nós tenhamos uma cobrança a mais para cada teste que faremos.
É compreensível que a sociedade exija um retorno sobre o investimento em pesquisa afinal, o dinheiro público é utilizado para financiar esses estudos. No entanto, é fundamental que a população entenda que a pesquisa básica, aquela que busca expandir o conhecimento sem um objetivo prático imediato, é essencial para o avanço da ciência.
Muitas das grandes descobertas da história da humanidade surgiram de pesquisas básicas. A penicilina, por exemplo, foi descoberta por acaso por um cientista que estava estudando bactérias. Se ele tivesse se limitado a pesquisas com objetivos práticos, essa descoberta revolucionaria talvez não teria acontecido.
Esse dilema é o que dificulta a ciência no Brasil.
Como falei, o dilema entre custo x aplicação da ciência é um fato importante mas, outro ponto crucial é a falta de compreensão da sociedade em geral.
Muita gente ainda não entende a importância da pesquisa para o nosso dia a dia.
Imagine a seguinte situação:
Você acorda de manhã com uma dor de garganta intensa e ao invés de recorrer a um chá caseiro ou um remédio popular você decide marcar uma consulta com seu médico.
Ele, após uma rápida avaliação, solicita um exame de amostra da cultura para identificar o agente causador da infecção. (Tipo uma biópsia)
O que acontece por trás dos bastidores?
- Desenvolvimento do exame: Cientistas passaram anos estudando as propriedades dos diferentes tipos de bactérias e vírus que causam infecções de garganta. Eles desenvolveram técnicas para isolar e identificar esses microrganismos em amostras de pacientes.
- Desenvolvimento de antibióticos: Graças à pesquisa científica, hoje temos uma variedade de antibióticos capazes de combater diferentes tipos de bactérias. Cada antibiótico é específico para um tipo de bactéria, e sua eficácia foi comprovada em diversos estudos clínicos.
- Tratamento personalizado: Com o resultado do exame, seu médico pode prescrever o antibiótico mais adequado para o seu caso, aumentando as chances de cura e evitando o desenvolvimento de resistência bacteriana.
- Recuperação mais rápida: O tratamento com o antibiótico correto permite que você se recupere mais rapidamente da infecção e retorne às suas atividades normais.
- Prevenção de complicações: Sem o tratamento adequado, uma simples dor de garganta pode evoluir para uma pneumonia ou outras complicações mais graves.
- Melhoria da qualidade de vida: Ao evitar complicações e se recuperar mais rapidamente, você mantém uma melhor qualidade de vida e pode continuar trabalhando, estudando e se relacionando com as pessoas.
- Divulgar a ciência: Use as suas redes sociais para compartilhar artigos científicos, notícias sobre pesquisas e curiosidades sobre o mundo da ciência. Quanto mais pessoas souberem sobre o assunto, mais fácil será gerar interesse e apoio.
- CNPJ podem apoiar: Incentive seus colegas e a empresa a participarem de projetos de pesquisa, alguns laboratórios são abertos a desenvolver parceria. O nosso este tipo de parceiros.
- Aumente o nível de consciência das pessoas: Mantenha-se atualizado sobre as últimas descobertas científicas da sua área e divulge isso, ajude as pessoas em torno a ver ciência em tudo e como pequenas descobertas colaboram enormemente com a qualidade de vida.
Por que a sociedade nem sempre valoriza a ciência?
É natural que as pessoas valorizem mais aquilo que veem e sentem no dia a dia. A dor de garganta é algo concreto, e a cura é algo desejável no entanto, o trabalho científico que possibilita essa cura muitas vezes passa despercebido. Além disso, a desinformação e a propagação de notícias falsas podem levar as pessoas a questionar a importância da ciência.
A importância de sair dessa perspectiva.
É fundamental que a sociedade compreenda que a ciência está presente em todos os aspectos da nossa vida, desde a comida que consumimos até os dispositivos eletrônicos que utilizamos. A ciência não é algo abstrato e distante, mas sim uma ferramenta poderosa para resolver problemas e melhorar a qualidade de vida.
E como fica os profissionais da área da saúde?
A ciência é a base da nossa profissão! É através dela que desenvolvemos novas técnicas, medicamentos e tratamentos. Ao investir em pesquisa, estamos investindo na nossa própria formação e na qualidade dos serviços que oferecemos aos nossos pacientes.
Conclusão
Fazer ciência no Brasil é um desafio, mas não é uma missão impossível e ao valorizar a pesquisa e divulgar a importância da ciência, podemos contribuir para construir um futuro mais saudável e próspero para todos.
É um investimento de longo prazo que exige paciência e compreensão e cabe a nós, pesquisadores e apoiadores ajudar a outras pessoas a compreender que investir em ciência é investir no futuro do planeta.
(Dizer isso parece “clichê” mas, não é)
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